domingo, 26 de janeiro de 2014

Participação da equipa (Flor da Rosa)


REPRESENTAÇÃO A CARGO DE :
João Valério - 70km - distância única
Equipa Zona 55/O Praticante/Fôjo-Zybex

Concentrámos em Abrantes pelas 06H20, já após carregarmos as bikes para o atrelado no dia anterior e saímos cerca de 20 minutos depois, eu (João Valério) em representação da Zona 55, "JP", Hugo Lopes, Nuno Carpinteiro e o "Bifa" em representação do Fôjo-Zybex. Os 5 constituímos e participámos nesta travessia em equipa designada por Zona 55/O Praticante/Fôjo-Zybex.

Demorámos cerca de 1 hora a chegar a Flor da Rosa, pequena aldeia do concelho do Crato e distrito de Portalegre, que viu nascer a minha bisavó, tendo nós chegado pelas 07h40, fazendo quase toda a viagem debaixo de intenso nevoeiro. Facilmente arranjámos lugar para estacionar e começámos a preparar-nos, mas parecia que o pessoal estava ainda meio a dormir.

Desloquei-me ao secretariado, montado nas ex-instalações da extinta Junta de Freguesia de Flor da Rosa, precisamente há 1 ano atrás. Foi rápido e sem filas! Infelizmente, na noite anterior a GoPro que era para me acompanhar na recolha de imagens, surpreendentemente teve um curto-circuito quando a liguei para carregar a bateria, daí que tive de me dedicar à fotografia, num claro regresso às origens das nossas antigas reportagens aqui no blogue.

Fomos informados pela Organização de que a partida de cada participante ou equipas de participantes poderia ser quando cada qual o desejasse, não estando prevista uma partida sincronizada, o que de certa forma tira um pouco o brilho "à coisa", daí que partimos pelas 08H15, nas calmas mas com vontade de pedalar pois estava um frio de rachar e o nevoeiro continuava sem vontade de ir embora. Sem pompa nem circunstância iniciámos o percurso. 

As paisagens não decepcionaram e os primeiros quilómetros foram feitos sem dificuldades. Dei-me por contente haver decido trazer os botins, calças e casaco de inverno. Que bem me soube o quentinho!

A primeira linha de água foi ultrapassada sobre uma ponte em pedra, muito bem conservada. Surpreendentemente apercebi-me de que o percurso que estávamos a traçar era coincidente com um itinerário do Caminho de Santiago, que mais tarde e após alguma pesquisa vim a saber tratar-se do Caminho D'Este, que liga as cidades de Tavira e da Guarda.

Inicialmente fomos avançando, primeiro na companhia quase regular de um grupo e mais à frente acabámos por alcançar mais um outro grupo. Aparentemente todos os participantes decidiram participar em equipas, uma vez que não tivemos acesso a esse tipo de informação nem era necessário na inscrição os participantes informarem a Organização dessa decisão.

O terreno, apesar de molhado, não apresentou até 1/4 do percurso quaisquer dificuldades, pois estava rijo e limpo de quaisquer barreiras, naturais ou artificiais.


Um pouco mais à frente deparámos-nos com a primeira passagem que nos obrigava a pôr as rodas de molho, uma estreita ribeira com águas de pouca profundidade.

O JP não perdeu a oportunidade de fazer um cavalinho para a camera e assim reduziu as hipóteses de molhar os pés.

As linhas de água foram começando a aparecer-nos cada vez com maior frequência e maior profundidade.

Mais uma passagem sobre uma linha de água, desta feita junto a uma pequena represa. Nesta que foi a minha primeira participação num evento em 2014, estreei-me igualmente a cair, um pouco mais à frente do local da foto, felizmente sem estragos na bike ou mazelas no corpo. Deu-se quando me preparava para ultrapassar um estreito regato que cruzava o trilho, porém a água não deixava transparecer que era profundo e a roda da frente prendeu de imediato fazendo-me voar sobre o guiador. Escassos segundos antes havia visto uns metros mais à frente na extensa fila de bttistas, um outro participante cometer o mesmo erro, mas não me precavi quando deveria ter sacado um cavalo para passar em segurança.

O terreno do percurso alterou-se definitivamente aos 2/4 do percurso, encontrando-se o trilho totalmente alagado. Muita água e lama, por vezes com mais de 10cm de profundidade. As pequenas pontes eram igualmente perigosas, pois a humidade fazia-nos derrapar, passássemos a pé ou montados.

Comecei a encontrar os primeiros participantes com problemas mecânicos. Eu, felizmente não tive nenhum, apesar da transmissão e desviadores se encontrarem cheios de lama e ervas.

Mais marcas do Caminho de Santiago: setas (vide o muro) e conchas (vide o topo da fonte). O concelho do Crato inaugurou oficialmente a 23 de Março de 2013, numa distância de 23km, a extensão equivalente à totalidade do percurso do Caminho D'Este que cruza o concelho, devidamente marcados e fazendo a ligação entre Fronteira e Nisa.

Parecia andarmos em círculos. As inúmeras linhas de água estavam-me a baralhar...

A dificuldade do terreno, bastante alagado, levou todos os participantes a abrandarem o ritmo, o que promoveu a que se juntassem diversos grupos, avançando em pelotões.


Já na aproximação a Nisa, ainda com algum nevoeiro, um olhar sobre uma manada de vacas que pareciam flutuar sobre um arrozal.

A única zona de abastecimento situava-se sensivelmente a meio do percurso, ao km35, onde se encontrava um gigantesco atrelado proporcionando sandes de pão de forma com fiambre (difícil de digerir), água (da fonte) e fruta (bananas e laranjas).


Mal arrancámos de novo da zona de abastecimento, 20 metros à frente voltámos a parar para beber o café da ordem. A existência, à porta, de dispositivos para estacionar as bicicletas, convenceram-nos de imediato.

No interior do estabelecimento um ambiente simpático e acolhedor, com ornamentos relacionados com a vida local (caça, olaria e cortiça).

À boa maneira do Caminho de Santiago, também nesta travessia nos deparámos com vedações e portões a vedar terrenos para evitar fugas de gado. O primeiro da fila tinha a função de abrir a cancela e o último de fechá-la.

Nova passagem sobre água. O ritmo era de passeio, pois não haviam classificações ou tiragem de tempos. Havia que desfrutar das bonitas paisagens. Com a falta de treino com que me encontrei neste regresso "às lides", havia que avançar com calma, aproveitando para fazer uns cliques.

Já prestes a passarmos a fronteira natural Alto Alentejo/Beira Baixa, numa descida rápida, deparámos-nos com um eucalipto de médias dimensões a barrar totalmente o caminho, o que nos levou a colocar as biclas às costas para podermos seguir viagem.


A água nos meus bidons já estava de resto e nada de fontes à vista, mas ao fundo avistava-se a aproximação a um povoado.


Finalmente uma fonte. Mesmo a tempo!


Já libertos das zonas alagadas e enlameadas, o terreno começou novamente a alterar-se, agora com solo mais rijo e também rocha. As planícies começaram também a dar lugar a sobe e desces com 3/4 dos km do trajecto já percorridos.


A beleza da paisagem tornou-se mais evidente, pois o nevoeiro dissipou-se dando lugar a um sol magnífico.


Por estas bandas as quedas de água sucedem-se nos bonitos serpenteados da Ribeira de Nisa, quando o conta-kms marcava os 50km percorridos.


Mais uma bonita queda de água num ponto com vista privilegiada.


A escassos quilómetros de Vila Velha de Ródão, as poucas dificuldades físicas começaram por aqui, na fronteira natural que divide Alto Alentejo e Beira Baixa, com mais subidas para ultrapassar.


Nada como parar para recuperar o fôlego e aproveitar para tirar umas fotos... ou o contrário!


Aproximação à aldeia de Monte do Pardo.


Passagem urbana, após diversas centenas de metros a subir. Os populares iam incentivando o pessoal à nossa passagem. Casarios de beleza invulgar e gentes simpáticas, também por estes lados.



Foto da equipa na chegada a Vila Velha de Ródão, com a paisagem natural ao fundo: Portas de Ródão e Rio Tejo. Esplêndido!

Após diversos kms a subir a chegada a V. V. de Ródão foi sempre a descer a pique.

À entrada em Vila Velha de Ródão faltaram placas informativas a indicar os locais relativos ao btt (lavagem de bikes, banhos, almoço), daí que foram os populares e outros camaradas participantes que ajudaram. 

Devido à quantidade de lama, já previsível no percurso, a Organização deveria ter zelado para que tivéssemos à disposição uma máquina de lavar à pressão, seria mais rápido e eficaz.

Depois de lavar as biclas tivemos de pedalar mais um bocado até ao local destinado aos banhos, que apesar de pequeno serviu, valendo o escasso número de utentes. Após isso, sacos de novo para dentro da carrinha de apoio e toca a pedalar mais um bocado para irmos almoçar.

O almoço foi composto de sopa de couve (muito deliciosa) e porco no espeto (bem assado), acompanhado por batata frita, arroz, pão e bem regado com vinho, sumo, cerveja, cola ou água.

Neste serviço mais uma vez notámos que deveria ter sido reforçado o staff, pois vimos somente um indivíduo ao serviço, enquanto junto ao porco se acumulavam uns quantos outros a ver trabalhar.

Após o almoço é que a porca torceu o rabo. Tivemos de esperar até às 16H00 pelo transporte de regresso à Flor da Rosa, a 70km, onde deixáramos os carros. Como a camioneta destinada a levar as bikes não era muito grande, por azar as nossas não couberam na primeira carga e tiveram de ficar em terra ao cuidado da Organização para seguir na 2.ª carrada, enquanto nós fomos transportados de autocarro.


Já após chegarmos à Flor da Rosa, tivemos de esperar um pouco mais de 01h30 pela chegada das nossas bicicletas. Acabámos por sair dali já passava das 20h00 e novamente com noite cerrada, quando já os familiares nos ligavam a saber se tínhamos tido algum azar.

De uma forma geral o evento foi interessante, mas prejudicado pela má logística dos transferes e respectivos transportes. A próxima edição tem tudo para ser melhor, basta aproveitar a experiência e aprender com os erros cometidos e opiniões transmitidas pelos participantes. Bem hajam participantes e A.D.F.R..

O rescaldo a este evento poderá igualmente ser lido no respetivo artigo publicado na revista "O Praticante", edição n.º 54.

Video por: João Feiteira


Vídeo por: Zona 55

Créditos à reportagem:
Texto: João Valério
Fotos: João Valério, Hugo Lopes e João Rodrigues
Vídeos: João Feiteira e Zona 55
Track: Bruno Barbas